quinta-feira, 21 de maio de 2009

OUTRAS REALIDADES PELO PAÍS: CLASSES HOSPITALARES GARANTIA DE ESTUDO PARA CRIANÇA EM PERÍODO DE INTERNAÇÃO





“São pouco mais de dez passos e Thiago Rodrigues está na escola. As provas e lições percorrem um caminho mais longo. Internado há sete meses no Hospital do Câncer A.C. Camargo, na capital, ele acompanha aqui o que seus colegas de classe da 3ª série fazem em Rondônia, a 3,6 mil quilômetros de distância. Thiago se beneficia de uma modalidade de ensino especial que começa a crescer no País: as classes hospitalares.”
Ligadas a escolas locais e com a ajuda das instituições em que as crianças estão matriculadas, elas surgiram para garantir o direito à educação, mas acabam colaborando também na recuperação dos pacientes.
Há registro de apenas 66 classes hospitalares no Ministério da Educação (MEC). É muito pouco, considerando que o País tem 6.400 hospitais. Mas o próprio governo acredita que existam mais. Do total, 47 delas estão em instituições públicas e o restante, em particulares. "Todo hospital deveria ter uma pedagoga, assim como tem um psicólogo, um assistente social", diz Amália Neide Covic, coordenadora do setor de pedagogia do Grupo de Apoio à Criança e ao Adolescente com Câncer (Graac). No mês passado, ela promoveu um fórum de discussão sobre as classes hospitalares na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e têm notado mais interesse de educadores e médicos pelo assunto nos últimos anos.
Maria Genoveva Vello, pedagoga voluntária há décadas no Hospital do Câncer, lembra que médicos e enfermeiros desconfiavam de seu trabalho quando ajudou a fundar a Escolinha Schwester Heine, nos anos 80. "Achavam que íamos atrapalhar os tratamentos", diz. Hoje, a classe - que leva o nome da primeira enfermeira da pediatria da instituição - tem 13 professoras e 3 salas em setores diferentes do hospital. As educadoras são ligadas às secretarias municipal e estadual de Educação, mas planejam internamente as atividades. Os trabalhos levam em conta o desenvolvimento de cada criança e informações obtidas nas escolas em que estão matriculadas. Lições, provas e outros relatórios de desempenho são enviados ao hospital e voltam à escola de origem depois de prontos. Notas ou avaliações são sempre consideradas pelas instituições, o que impede que a criança perca o ano.
A CLASSE HOSPITALAR “não é uma brinquedoteca. Existem compromissos que devem ser cumpridos, assim como na escola", explica Mônica Cristina Santos Moreira, professora que atua no Hospital Geral de Bonsucesso, na zona norte do Rio. "No lugar do exercício para casa, aqui temos o exercício para cama. E há também o momento do brincar, que seria a hora do recreio", completa.
Apesar do termo classes hospitalares, quase nunca há turmas nos hospitais, principalmente por causa das idades diferentes dos alunos. "É preciso adaptar o conteúdo ao contexto do internado. Dependendo da doença, às vezes o trabalho diário dura só 10, 15 minutos", explica Amália. Muitas das aulas ou atividades são feitas no leito. "Gosto demais de matemática", diz Ramon Pereira Leão, de 10 anos, internado no Instituto Nacional de Câncer (Inca), no Rio. Em seu quarto, a professora aplica jogos numéricos, para treinar raciocínio. Por causa do tratamento de um câncer no rim, os médicos ainda não o liberaram para ir à escola.

A comerciante Marilane Brixi, mãe de Mahala Brixi Gerardi Marinho, de 7 anos, achou que a educação da filha seria prejudicada quando teve de se mudar de Joinville para tratar um linfoma no Centro Infantil Boldrini, em Campinas. A internação prevista era de seis meses. "Ela perderia a escola justamente quando iria para a 1ª série." Hoje, a menina já sabe ler e escrever e está aprendendo a fazer contas.Para a mãe, o acompanhamento praticamente individual da professora do hospital ajudou na alfabetização da filha. "As professoras da escola em Joinville disseram que ela está adiantada com relação às outras crianças da classe." O hospital de Campinas atende cerca de 260 crianças e adolescentes.
Segundo o pediatra da Unifesp Rudolf Wechsler, o contato escolar aproxima a criança internada de seu cotidiano. "Dá uma sensação de cura e de que vai sair daquele lugar, o que ajuda na recuperação", diz. A medicina moderna, completa, é feita justamente com essa interdisciplinaridade, mesclando profissionais de saúde e educação. "Brincar e estudar são formas de humanização do tratamento", afirma o chefe da Oncologia Pediátrica do Inca, Sima Ferman.
A primeira classe hospitalar de São Paulo surgiu na Santa Casa de Misericórdia, na década de 50. Hoje, são 12 hospitais ou centros de saúde públicos com o atendimento, entre eles o Hospital das Clínicas da USP - que inaugurou as classes recentemente - e o do Servidor Público Estadual. São 32 professores paulistas atualmente trabalhando nessa modalidade. O Hospital São Paulo, da Unifesp, estuda a criação de classes hospitalares em 2007. O serviço existe em instituições de Ribeirão Preto, Porto Alegre, Curitiba e Manaus.

Os cursos de graduação de formação de professores, no entanto, pouco falam da educação especial, voltada para crianças com problemas de saúde. O Hospital do Câncer oferece cursos de capacitação, sempre lotados. As dificuldades vão desde a condição psicológica e física do aluno até a necessidade de um trabalho interdisciplinar, já que não há professores de todas as áreas.
"A rotina de um hospital é muito diferente da de uma escola. A criança está aqui hoje, amanhã pode não estar mais", diz a professora Carolina Coutinho, que aprendeu braile para trabalhar no ambulatório de oftalmologia do Hospital do Câncer e atender crianças que sofrem de retinoblastoma, o tumor da retina. Cheia de botons coloridos pendurados no uniforme, ela apresentava aos alunos na semana passada uma urna com botões musicais para simular uma eleição. Eles escolhiam entre votar na boneca ou na bola. "Depois que começou a escolinha aqui, acabou o chororô."
É muito bom percebermos o quanto Campos está evoluindo no que se refere a Pedagogia hospitalar, pois de todo o interior do Estado do Rio de Janeiro somos pioneiros em oferecer esse serviço desde maio de 2007.
Esse projeto é um sucesso e faz a diferença com certeza no tratamento das crianças. É uma pena que alguns governantes não vejam a necessidade de oferecer esse serviço nos hospitais públicos.
É frustante saber que a prefeitura atual não deu continuidade a esse projeto tão bonito que foi iniciado no Hospital Ferreira Machado e que tanto confortava os pais ao verem seus filhos mesmo na dor da doença, tendo momentos de trocas e alegrias com a pedagoga e a recreadora do hospital.
É importante parabenizar a direção da Santa Casa de Misericórdia que através de sua gestão consciente e humanizada, mantém esse serviço de Pedagogia Hospitalar em parceria com a União de Ex. alunas Salesianas. Isso demonstra um espírito visionário e inovador no interior do Estado do Rio de Janeiro.
E vocês alunas? Comentem sobre o texto acima. O que pensam sobre o atendimento pedagógico hospitalar? Que realidades vocês presenciaram através dos estágios na classe hospitalar?

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Educação de qualidade...está nas mãos de quem?


Todos sabem que a situação da Educação no Brasil ainda se encontra extremamente crítica. Entretatnto, pouco se fala daquelas instituições públicas de ensino, que apesar de todos os problemas do sistema educacional brasileiro, conseguem ou conseguiram se destacar em meio a esse mar de deseducação.
É certo que não existe uma receita pronta, mas acredita-se que se o sistema oferecer condições para se fazer o básico, ou seja, trabalhar conteúdos aplicados a vida, ensinar o aluno a ler, interpretar, a escrever bem e com criticidade, além de pensar com autonomia e desenvolver o raciocínio matemático para resolver bem as situações problemas, a situação pode evoluir do caos para uma relativa ordem. Para isso, o importante é ter como foco a aprendizagem do estudante, bons dirigentes educacionais que orientem as escolas nesta direção e uma equipe comprometida em conquistar esse resultado.
Um outro aspecto relevante é o nível educacional da família, como mostra levantamento realizado por Sérgio Guimarães Ferreira, do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), e Fernando Veloso, do Ibmec-Rio. De acordo com a pesquisa, 34% dos filhos de analfabetos não chegam a aprender a ler e a escrever. Nesta perspectiva, o que encontramos é um circulo vicioso, em que as classes menos favorecidas, devido a carência cultural tem cada vez menos acesso a educação de qualidade, o que pode ser uma alavanca para a melhoria na qualidade de vida. Porque o estudo, o conhecimento é sim, hoje um dos instrumentos para o acesso a melhores mercados de trabalho, melhores salários e consequentemente melhores condições de vida!
Todavia, mesmo na ausência de nível educacional da família há ainda muito o que a escola pode fazer. E, algumas, em regiões onde o apoio familiar nem sempre está presente, vêm mostrando que é possível atenuar as diferenças sócio-econômicas no desempenho de seus alunos.
O estudo Aprova Brasil, o direito de aprender, realizado pelo Unicef e pelo Ministério da Educação (MEC), avaliou as 33 escolas que obtiveram as melhores notas na Prova Brasil e apresentou à sociedade características comuns entre elas, na verdade pontos positivos da educação nacional. São instituições localizadas em regiões muitas vezes desprovidas de recursos e infra-estrutura, mas que têm em comum, a sintonia entre alunos e professores. Entre elas está o Colégio Estadual Horácio de Matos, de Mucugê (BA), cuja taxa de analfabetismo é de 35,2%. Um dos pontos altos da escola é a participação dos alunos em projetos como o jornal mural e a rádio comunitária.
Como era de se esperar, alguns dos fatores que contribuem para uma educação de qualidade e que foram apontados pelo levantamento do Unicef e do MEC são a presença constante do diretor na escola, a baixa rotatividade da equipe de professores, formação continuada, a participação da comunidade e leituras realizadas com e por prazer.
Afinal, do que adianta uma instituição de ensino com uma boa infra-estrutura, toda equipada, mas sem profissionais comprometidos com a aprendizagem de seus alunos?
Segundo, Claudi Costin, a presença ativa do diretor, mais do que como um administrador de práticas burocráticas, é um indício de qualidade. Ela motiva os funcionários, a maior integração entre pais e professores e passa confiabilidade para os alunos em relação à instituição. O diretor ainda é indispensável para promover e incentivar o trabalho em equipe de seus educadores. Equipes unidas, com a presença de um líder, em prol de um objetivo comum, sempre deram bons resultados e, nas escolas, isso não poderia ser diferente.
Fixar o professor nas escolas é uma maneira de garantir o aprendizado do aluno. Uma instituição com alto índice de rotatividade de seus educadores é sinônimo de descontinuidade do ensino. Isto significa conteúdos pedagógicos desencontrados, o que acaba por prejudicar o estudante.
Uma boa escola ainda deve contar com formação permanente dos professores. Assim como outros profissionais (médicos, advogados etc.) passam por um constante processo de atualização para melhor exercer suas atividades, o mesmo deveria ocorrer com os educadores. O professor é o grande maestro da escola, é ele quem rege o aprendizado dos alunos.
Outro fator importante é o envolvimento da comunidade. A aproximação cada vez maior entre pais, professores e alunos, dentro de um espaço comum, de lazer, de cultura e de evolução intelectual reflete na coletividade e no ganho comum. Escola integrada, atuante, é sinônimo de sabedoria e essa imagem consolida-se a cada passo. Além disso, o interesse dos pais na educação de seus filhos resulta em uma melhora de aprendizado dos mesmos.
Num momento em que todo o País passa por reflexões sobre os desafios propostos para a educação, é importante mostrar que há solução para o problema educacional brasileiro e que esta já é colocada em prática por algumas instituições de ensino do Brasil. Antes de criar fórmulas mirabolantes para resolver esta questão, é necessário que as escolas façam o básico e que professores e alunos também contribuam para a melhoria desse cenário. Não é possível continuar culpando o sistema e deixar a situação do jeito que está.
Além de tudo que foi citado acima, para que se tenha sucesso no ensino fundamental é importante que a criança tenha pré-requisitos para a aprendizagem da leitura e escrita, pré-requisitos esses desenvolvidos na Educação Infantil.
Pesquisas científicas sobre o desenvolvimento infantil deixam evidentes a real importância dos primeiros anos de vida para o desenvolvimento físico, cognitivo, afetivo e social dos seres humanos. A educação infantil tem um papel fundamental na formação do indivíduo e reflete em uma melhora significativa no aprendizado da criança. Dados do IBGE mostram que apenas 40% das 21,7 milhões de crianças brasileiras entre 0 e 6 anos estavam matriculadas em creches ou escolas em 2004 e que cerca de 13% daquelas de 0 a 3 anos freqüentavam creches. Ou seja, a universalização da educação não vale para todos os segmentos.
Trabalhar a democratização do ensino nos primeiros seis anos de vida é essencial para melhorar o índice de aprendizado dos alunos, estimular desde cedo a busca pelo conhecimento e eliminar as diferenças de origem socioeconômica no desempenho de crianças na primeira série. Não é por acaso que na França, os professores precisam ter mestrado para trabalhar com os pequenos e são tão bem remunerados quanto os que lecionam no nível superior.
Uma amostra de como o ingresso na escola desde cedo faz diferença é o índice de repetentes na primeira série do Ensino Fundamental, monitorado pela Unesco e OCDE em 48 países. O Brasil tem a taxa mais alta com 32%, contra 1% da Rússia e China. Essa realidade condena um terço da população brasileira ao atraso e mexe desde cedo com a auto-estima das crianças. É na creche ou na pré-escola que os pequenos começarão a se conhecer e a conhecer o outro, a se respeitar e a respeitar o outro e a desenvolver suas habilidades e construir conhecimento.
Investir na educação desde os primeiros anos de vida é investir no futuro do país, da sociedade e de um mundo melhor, pois o papel da escola enquanto instituição é de humanizar o conhecimento, dotando o ser humano não só de conhecimentos frios e racionais, mas de um conhecimento humanizado, fraterno e que seja colocado a serviço não apenas de uma elite acadêmica, mas a serviço do povo, que é aquele que mais precisa melhorar suas condições de trabalho e de vida social!

QUESTÃO PARA O 6º. PERÍODO: Depois de ler este texto, inspirado nas palavras de Claudia Costin, em que setor da educação você pretende atuar ao se tornar um (a) pedagogo (a)? Quais serão suas ações?

domingo, 10 de maio de 2009

Irmã Anita...você se eterniza em nós!

"Olhos pequenos, mas que tudo enxergava...passos curtos e apressados de uma caminhada de 92 anos de uma vida intensamente vivida!
Sua altivez precedia sempre um sorriso e um afago carinhoso em todas as suas ações.
Ela soube nos seus 92 anos acompanhar a modernidade, sendo totalmente aberta a evolução dos tempos. Pobres e ricos, crianças, jovens e idosos celebraram sua chegada ao céu.
Para nós a tristeza da saudade da falta física, mas a certeza de que teremos uma poderosa intercessora junto a Nossa Senhora Auxiliadora e Jesus.
Irmã Anita temos a convicção de que sempre estará conosco com seu sorriso largo e seus tapinhas ternos!
Mãe de todos , uma mulher que soube dizer sim ao chamado de Deus, consagrando-se a vida religiosa inteiramente! Obrigada por nos educar com suas atitudes e gestos, obrigada por suas palavras de encorajamento...
Irmã Anita soube ser mãe no sentido real da palavra, pois o amor que mantinha pelos princípios religiosos, todo seu carisma e humildade fizeram dela uma referência para todos da comunidade campista.
Assim hoje, na sua função de mãe que gerou a muitos, através de sua fé e atitudes, Irmã Anita prossegue na sua missão, sendo nossa intercessora junto a Nossa Senhora Auxiliadora na casa do Pai.
Irmã Anita como salesiana de garra, como alguém que soube respirar e se alimentar do carisma de Dom Bosco e Maria Domingas Mazzarello, se fará eterna em nossos corações e mentes. Na capela, no pátio, no portão e nas ruas de nossa cidade de Campos sentimos sua santa presença nos dando forças para continuar, pois viveu e nos ensinou a viver a linda frase de Mazzarello: " Não basta começar, é preciso continuar...lutar sempre... todos os dias!!!"
Para nós que aqui ficamos e para as Irmãs de toda a inspetoria Nossa Senhora da Penha a Irmã Anita permanece viva, pois seu entusiasmo contagiou a todos com os quais conviveu!!!
Para mim, especialmente, que recebia da Irmã Anita advertências queridas... sobre meu jeito agitado e meu modo de vestir, chamando-me de "trenzinho" carinhosamente e dando-me doces beliscadas ...fica a saudade profunda e a lição de que a vida religiosa é um chamado precisoso e que só pessoas divinas são capazes de cumprir a missão de Cristo com coragem, alegria e determinação!!!
Irmã Anita viveu intensamente, amava viajar, não parava um minuto sentada no ônibus, em Aparecida - SP queria andar de barco, em Botafogo - RJ atravessou uma avenida super movimentada na maior agilidade e ainda zombou da gente!!! Preocupava-se com a confissão, não se achava uma mulher santa! Mas era santa sim...pois santidade consiste em estar sempre alegre!
Essa mulher era tudo em nossa casa salesiana e como disse uma Irmã querida, tinhamos tanto medo das estrepolias (viagens, trabalho constante) que Irmã Anita fazia... e ela faleceu em casa, em seu quarto!!!!Pois é...ela sabia do que era capaz...não tinha medo...tinha uma FÉ IMENSA que a transformou na figura mais amada e conhecida de nossa cidade!!
Fique em paz Irmã Anita, o céu está em festa com sua presença e continue trabalhando muito para a nossa salvação!
Um grande beijo (uma marca de batom no seu véu branco)...do seu "trenzinho"!!!!

Ser mulher...maternidade que contribui para gerar vida de múltiplas formas...










Hoje no dia das mães...gostaria de fazer uma reflexão a partir de um texto escrito pela Irmã Antonia Colombo (FMA) em que aborda o significado de ser mulher neste milênio. Isto porque, toda mãe é antes de tudo mulher...ser que recebeu de Deus a magnífica missão de gerar a vida, não só biológicamente, mas gerar vida a partir da fé.
Abaixo transcrevo as palavras da Irmã Antonia Colombo:
(...) É bom recordar que, apesar das grandes transformações do papel da mulher na sociedade, acontecidas no século XX, especialmente nos países desenvolvidos, permanece uma grande incerteza sobre o que de fato comporta ser mulher hoje.
Neste ano, na Itália, o Ministério dos bens e das atividades culturais propõe o slogan “A mulher e a arte”, com uma intensa programação gratuita de concertos, mostras, laboratórios, debates, exposições em grau de representar a arte no feminino, no espaço e no tempo.
Por trás desta iniciativa está a convicção de que a arte tem capacidade de exprimir a realidade de modo universal, superando toda barreira cultural, e de reafirmar que a igualdade entre homem e mulher não é sinônimo de uniformidade, mas é o resultado de uma atitude harmoniosa na visão e compreensão do mundo. «A arte e a cultura podem contribuir para uma participação mais ativa e elevada das mulheres nos diferentes âmbitos da sociedade, a ponto de tornar mais equilibrada a sua participação nas diversas esferas do viver social». Mas qual é a situação concreta das mulheres nos diferentes contextos culturais dos cinco continentes?




“A vida no ritmo da mulher” é uma publicação da editora EMI, lançada neste ano sob organização de três de nossas Irmãs: Mara Borsi, Rosa Angiola Giorgi, Bernadette Sangma. Um modo de dar sentido a este dia festivo seria empenhar-nos numa leitura atenta destas páginas que objetiva colocar em evidência especialmente os recursos das mulheres a serviço da convivência pacífica, do desenvolvimento, da educação, a partir do reconhecimento da impiedosa situação de degradação na qual muitas destas se encontram, prisioneiras de culturas e tradições machistas.
Se, em muitas nações, não existe um reconhecimento real dos direitos humanos em geral, a situação é ainda mais grave a respeito do reconhecimento de tais direitos às mulheres. Muitas destas, porém, hoje não aceitam ser consideradas vítimas, são mais conscientes dos próprios recursos, das suas capacidades de resistência e de ter nas mãos as chaves para propostas e ações alternativas também em situações-limite. Pedem para ter maiores espaços de participação nos processos que dizem respeito à paz, ao desenvolvimento sustentável, à afirmação dos direitos humanos.
Como educadoras salesianas, é interessante continuar aprofundando a consciência da contribuição insubstituível que as mulheres podem oferecer na Igreja e na sociedade. Tal contribuição deriva do empenho de exprimir com coerência a visão antropológica, amadurecida nestas últimas décadas, mas radicada no primeiro livro da Bíblia, lá onde se afirma: «Deus criou a pessoa humana à sua imagem, homem e mulher os criou» (Gn 1,27). É o princípio bíblico da reciprocidade que revela o desígnio de Deus sobre a pessoa humana. A semelhança com Ele, inscrita como qualidade pessoal do homem e da mulher, é para ambos um chamado e uma missão: chamado a viver em comunhão; missão de valorizar a diversidade no recíproco enriquecimento e no serviço à vida.

Se as mulheres, conscientes deste seu chamado, se ajudam a vivê-la como uma missão, superando os condicionamentos sociais antigos e novos, dão uma contribuição insubstituível à cultura da vida, denunciando o perigo de um progresso unilateral, que pode comportar um gradual desaparecimento da sensibilidade para com aquilo que é autenticamente humano.
Para ninguém de nós é desconhecida a contribuição de muitas mulheres em favor da vida e da humanização da cultura, a disponibilidade para cuidar da reconstrução do tecido social quando é dilacerado por tensões ou para tornar possível a sobrevivência para todos em situações precárias ou de guerra, o empenho em denunciar situações que questionam a nossa consciência e responsabilidade.
Penso no fenômeno do tráfico de mulheres e de crianças para o comércio sexual. Não são apenas as mulheres e as crianças as vítimas na perda da sua dignidade, mas todos aqueles que exploram a corporeidade humana e mercantilizam o dom da sexualidade. Os efeitos mais graves são a perda do genuíno sentido do amor humano, a separação da família, a desumanização da cultura. Além da denúncia, esta situação exige, particularmente de nós mulheres, o empenho na elaboração e realização de uma proposta educativa que transmita o sentido da vida como dom e como vocação para todos.
A antropologia bíblica à qual me referi, projeta uma luz nova não somente sobre a compreensão da relação homem-mulher, mas também sobre a beleza de cada diferença humana – pessoal e cultural – quando é assumida como pólo de recíproco fortalecimento na acolhida, no diálogo, na comunhão.
A este ponto, podemos nos questionar: qual é a contribuição específica das FMA, mulheres consagradas, no mundo de hoje?Somos mulheres que Deus chamou a ser sinal e expressão do seu amor pelos jovens, mediante a educação. O Sistema Preventivo de Dom Bosco, vivido com fidelidade criativa por Maria Domingas Mazzarello, é a nossa característica na Igreja e na sociedade.

Acreditamos, com Dom Bosco, que «a educação é coisa do coração», isto é, questão de relação; estamos convencidas de que a pessoa humana se realiza no amor e deve ser educada ao amor mediante um caminho cotidiano de crescimento que não afasta do mundo, mas torna responsáveis pelos outros na trama das relações cotidianas, no exercício da própria profissão, na mais ampla esfera social.
Reafirmamos a importância da nossa contribuição feminina e mariana também na Família Salesiana. Reconfirmando a tarefa de exprimir segundo o estilo feminino o Sistema Preventivo para uma proposta educativa que manifeste na cultura contemporânea a visão da antropologia bíblica. As categorias da confiança, do cuidado, da partilha e da comunhão, oferecem uma base não somente para uma tradução do Sistema Preventivo no plano da práxis, mas para provocar uma interpretação sua que o reavive com as cores e as nuanças da sensibilidade feminina. Maria, mãe e auxiliadora, sustente o nosso empenho de colaborar para construir um mundo mais humano, onde cada um possa viver com dignidade e alegria. Estamos convencidas, como disse um Autor, que «o mundo pertencerá, amanhã, a quem tiver oferecido uma esperança maior».

Quando esta esperança é Jesus, estamos certas de que o futuro está em nossas mãos e a civilização do amor não somente é possível, mas já começou. «Maior do que tudo é o Amor» é o título dos Atos do nosso último Capítulo Geral. Um amor que se veste de cotidianidade e entrelaça os diversos caminhos das pessoas constituindo uma grande rede para abraçar o mundo, como revelava um autor:
«É a grande, interminável conversação das mulheres.Parece coisa de nada: isto pensam os homens,nem mesmo eles imaginam que é esta conversaçãoque mantém o mundo na sua órbita...Se não fossem as mulheres que se falam entre sios homens já teriam perdido o sentido da casa e do planeta...». [José Saramago]

Neste mês de maio, celebramos as mães e a nossa mãe maior, Maria Santíssima, senhora e rainha, por isso devemos refletir sobre a nossa missão de mulheres e mães que temos a maternidade intrínseca em nosso ser!


Aproveito para desejar a todas as mulheres um magnifico FELIZ DIA DAS MÃES e mesmo que algumas não tenham gerado biológicamente filhos, com certeza geraram filhos na fé, pois toda educadora, toda mulher guarda em si a MATERNIDADE DIVINA DE MARIA!



Pensando nessa maternidade, nessa possibilidade única que cada mulher tem de gerar a vida nos múltiplos sentidos, você tem cumprido seu papel na sociedade (como mulher)? Quais são os desafios que você enfrenta como mulher?Que testemunhos de fé você tem dado nos âmbitos em que atua? Para você no Curso de Pedagogia que mulheres te inspiram a fazer a diferença na sociedade?Por quê?


Um imenso e afetuoso abraço, Liliana Nogueira.