“São pouco mais de dez passos e Thiago Rodrigues está na escola. As provas e lições percorrem um caminho mais longo. Internado há sete meses no Hospital do Câncer A.C. Camargo, na capital, ele acompanha aqui o que seus colegas de classe da 3ª série fazem em Rondônia, a 3,6 mil quilômetros de distância. Thiago se beneficia de uma modalidade de ensino especial que começa a crescer no País: as classes hospitalares.”
Ligadas a escolas locais e com a ajuda das instituições em que as crianças estão matriculadas, elas surgiram para garantir o direito à educação, mas acabam colaborando também na recuperação dos pacientes.
Há registro de apenas 66 classes hospitalares no Ministério da Educação (MEC). É muito pouco, considerando que o País tem 6.400 hospitais. Mas o próprio governo acredita que existam mais. Do total, 47 delas estão em instituições públicas e o restante, em particulares. "Todo hospital deveria ter uma pedagoga, assim como tem um psicólogo, um assistente social", diz Amália Neide Covic, coordenadora do setor de pedagogia do Grupo de Apoio à Criança e ao Adolescente com Câncer (Graac). No mês passado, ela promoveu um fórum de discussão sobre as classes hospitalares na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e têm notado mais interesse de educadores e médicos pelo assunto nos últimos anos.
Maria Genoveva Vello, pedagoga voluntária há décadas no Hospital do Câncer, lembra que médicos e enfermeiros desconfiavam de seu trabalho quando ajudou a fundar a Escolinha Schwester Heine, nos anos 80. "Achavam que íamos atrapalhar os tratamentos", diz. Hoje, a classe - que leva o nome da primeira enfermeira da pediatria da instituição - tem 13 professoras e 3 salas em setores diferentes do hospital. As educadoras são ligadas às secretarias municipal e estadual de Educação, mas planejam internamente as atividades. Os trabalhos levam em conta o desenvolvimento de cada criança e informações obtidas nas escolas em que estão matriculadas. Lições, provas e outros relatórios de desempenho são enviados ao hospital e voltam à escola de origem depois de prontos. Notas ou avaliações são sempre consideradas pelas instituições, o que impede que a criança perca o ano.
A CLASSE HOSPITALAR “não é uma brinquedoteca. Existem compromissos que devem ser cumpridos, assim como na escola", explica Mônica Cristina Santos Moreira, professora que atua no Hospital Geral de Bonsucesso, na zona norte do Rio. "No lugar do exercício para casa, aqui temos o exercício para cama. E há também o momento do brincar, que seria a hora do recreio", completa.
Apesar do termo classes hospitalares, quase nunca há turmas nos hospitais, principalmente por causa das idades diferentes dos alunos. "É preciso adaptar o conteúdo ao contexto do internado. Dependendo da doença, às vezes o trabalho diário dura só 10, 15 minutos", explica Amália. Muitas das aulas ou atividades são feitas no leito. "Gosto demais de matemática", diz Ramon Pereira Leão, de 10 anos, internado no Instituto Nacional de Câncer (Inca), no Rio. Em seu quarto, a professora aplica jogos numéricos, para treinar raciocínio. Por causa do tratamento de um câncer no rim, os médicos ainda não o liberaram para ir à escola.
A comerciante Marilane Brixi, mãe de Mahala Brixi Gerardi Marinho, de 7 anos, achou que a educação da filha seria prejudicada quando teve de se mudar de Joinville para tratar um linfoma no Centro Infantil Boldrini, em Campinas. A internação prevista era de seis meses. "Ela perderia a escola justamente quando iria para a 1ª série." Hoje, a menina já sabe ler e escrever e está aprendendo a fazer contas.Para a mãe, o acompanhamento praticamente individual da professora do hospital ajudou na alfabetização da filha. "As professoras da escola em Joinville disseram que ela está adiantada com relação às outras crianças da classe." O hospital de Campinas atende cerca de 260 crianças e adolescentes.
Segundo o pediatra da Unifesp Rudolf Wechsler, o contato escolar aproxima a criança internada de seu cotidiano. "Dá uma sensação de cura e de que vai sair daquele lugar, o que ajuda na recuperação", diz. A medicina moderna, completa, é feita justamente com essa interdisciplinaridade, mesclando profissionais de saúde e educação. "Brincar e estudar são formas de humanização do tratamento", afirma o chefe da Oncologia Pediátrica do Inca, Sima Ferman.
A primeira classe hospitalar de São Paulo surgiu na Santa Casa de Misericórdia, na década de 50. Hoje, são 12 hospitais ou centros de saúde públicos com o atendimento, entre eles o Hospital das Clínicas da USP - que inaugurou as classes recentemente - e o do Servidor Público Estadual. São 32 professores paulistas atualmente trabalhando nessa modalidade. O Hospital São Paulo, da Unifesp, estuda a criação de classes hospitalares em 2007. O serviço existe em instituições de Ribeirão Preto, Porto Alegre, Curitiba e Manaus.
Os cursos de graduação de formação de professores, no entanto, pouco falam da educação especial, voltada para crianças com problemas de saúde. O Hospital do Câncer oferece cursos de capacitação, sempre lotados. As dificuldades vão desde a condição psicológica e física do aluno até a necessidade de um trabalho interdisciplinar, já que não há professores de todas as áreas.
"A rotina de um hospital é muito diferente da de uma escola. A criança está aqui hoje, amanhã pode não estar mais", diz a professora Carolina Coutinho, que aprendeu braile para trabalhar no ambulatório de oftalmologia do Hospital do Câncer e atender crianças que sofrem de retinoblastoma, o tumor da retina. Cheia de botons coloridos pendurados no uniforme, ela apresentava aos alunos na semana passada uma urna com botões musicais para simular uma eleição. Eles escolhiam entre votar na boneca ou na bola. "Depois que começou a escolinha aqui, acabou o chororô."
É muito bom percebermos o quanto Campos está evoluindo no que se refere a Pedagogia hospitalar, pois de todo o interior do Estado do Rio de Janeiro somos pioneiros em oferecer esse serviço desde maio de 2007.
Esse projeto é um sucesso e faz a diferença com certeza no tratamento das crianças. É uma pena que alguns governantes não vejam a necessidade de oferecer esse serviço nos hospitais públicos.
É frustante saber que a prefeitura atual não deu continuidade a esse projeto tão bonito que foi iniciado no Hospital Ferreira Machado e que tanto confortava os pais ao verem seus filhos mesmo na dor da doença, tendo momentos de trocas e alegrias com a pedagoga e a recreadora do hospital.
É importante parabenizar a direção da Santa Casa de Misericórdia que através de sua gestão consciente e humanizada, mantém esse serviço de Pedagogia Hospitalar em parceria com a União de Ex. alunas Salesianas. Isso demonstra um espírito visionário e inovador no interior do Estado do Rio de Janeiro.
E vocês alunas? Comentem sobre o texto acima. O que pensam sobre o atendimento pedagógico hospitalar? Que realidades vocês presenciaram através dos estágios na classe hospitalar?
É muito bom percebermos o quanto Campos está evoluindo no que se refere a Pedagogia hospitalar, pois de todo o interior do Estado do Rio de Janeiro somos pioneiros em oferecer esse serviço desde maio de 2007.
Esse projeto é um sucesso e faz a diferença com certeza no tratamento das crianças. É uma pena que alguns governantes não vejam a necessidade de oferecer esse serviço nos hospitais públicos.
É frustante saber que a prefeitura atual não deu continuidade a esse projeto tão bonito que foi iniciado no Hospital Ferreira Machado e que tanto confortava os pais ao verem seus filhos mesmo na dor da doença, tendo momentos de trocas e alegrias com a pedagoga e a recreadora do hospital.
É importante parabenizar a direção da Santa Casa de Misericórdia que através de sua gestão consciente e humanizada, mantém esse serviço de Pedagogia Hospitalar em parceria com a União de Ex. alunas Salesianas. Isso demonstra um espírito visionário e inovador no interior do Estado do Rio de Janeiro.
E vocês alunas? Comentem sobre o texto acima. O que pensam sobre o atendimento pedagógico hospitalar? Que realidades vocês presenciaram através dos estágios na classe hospitalar?