A democracia é uma construção, mas como vem se dando a consolidação dessa em nosso país? Em nossa história, alternamos momentos de repressão e liberdade. Não faz muito tempo que saímos de uma severa ditadura e passamos a viver em um regime democrático. Claro que hoje ainda precisamos enfrentar muitas lutas para garantir os direitos à cidadania e a escola pode e deve ajudar a transformar a maneira como a qual nos relacionamos com a democracia. Ela mesma deve ser um espaço de exercício dessa convivência democrática.
Diariamente falamos em uma escola democrática, mas muitas delas ainda estão reprovando indiscriminadamente durante anos consecutivos alunos, sem considerar o ser diferente e os vários conhecimentos já adquiridos na sua vivência. Essas questões perturbam muitos educadores preocupados com o sucesso educacional.
Será que existe, na verdade, interesse em uma gestão democrática? Qual seria então o papel da democracia na escola?
Percebe-se muitas vezes, na gestão educacional, uma administração voltada com ações na verdade, reprodutoras de uma sociedade infelizmente alienada e passiva, ditando regras e não estabelecendo uma relação dialógica ideal com os envolvidos, estabelecendo meramente uma transmissão de ordens, alegando na maioria das vezes cumprirem determinações que lhes vem de cima não proporcionando assim, momentos para discussão..”... Todas as iniciativas de política educacional, apesar de sua aparente autonomia, têm um ponto em comum: o empenho em reduzir custos, encargos e investimentos públicos, buscando senão transferi-los e/ou dividi-los, com a iniciativa privada e organizações não governamentais”(ROSSI, 2001)
A participação é muitas vezes, limitada, controlada e puramente formal. A estrutura técnica se sobrepõe aos indivíduos envolvidos e o poder e a autoridade (leia-se: autoridade : como não prática social - sem visão crítica) se instalam de forma sutil , com obediência, dentro de uma perspectiva clássica de administração que repudia a participação, o compartilhar idéias, a liberdade para expressar-se , a deliberação de decisões e o respeito às iniciativas.
A questão do controle ainda é muito forte e mesmo sabendo que o poder e a autoridade são necessários em muitos momentos dentro de várias organizações, intermediando e viabilizando ações criativas para melhora, observa-se ainda um controle rígido, um descompromisso e muito pouca participação da comunidade escolar como um todo (professores, pais, funcionários, lideranças de bairro) no processo da gestão escolar, causando assim automaticamente uma acomodação, em que as pessoas não se mobilizam para nada e ficam alheias, esperando sempre serem orientadas ou então aceitando passivamente tudo que venha das “autoridades competentes”, sem quer que seja , nenhum questionamento crítico construtivo.
Nota-se com freqüência que esta suposta “gestão”, se mascara como sendo democrática e acaba que atendendo de forma a não priorizar princípios básicos democráticos, ocasionando o aumento da produtividade, a massificação do indivíduo, afastando não só o caráter da coletividade , como também o diálogo e o processo decisório.
O uso da autoridade dentro de uma gestão educacional, deve ter o cuidado de não se estender a um modelo vertical, devendo essencialmente privilegiar as relações horizontais entre seus integrantes, mediando as discussões, as trocas de idéias, legitimando assim, verdadeiras ações democráticas.
A escola deve ser vista como um lugar privilegiado para a construção do conhecimento e como eixo base das relações humanas, viabilizando não só a produção de conhecimentos como também de atitudes necessárias à inserção neste novo mundo com exigências cada vez maiores de cidadãos participativos e criativos.
A escola que deseja ser democrática em sua essência, tem que juntamente com a comunidade repensar e reestruturar o sistema de ensino e de aprendizagem para alcançar o tão sonhado e não utópico do sucesso escolar. É assim, em pequenas, mas significativas ações que conseguiremos a democracia, não nesse espaço pedagógico chamado escola, mas transportaremos também para fora desse, transversalizando em todos os ambientes da nossa realidade.
É necessário que o gestor garanta a participação das comunidades interna e externa, a fim de que assumam o papel de co-responsáveis na construção de um projeto pedagógico que vise ensino de qualidade para a atual clientela da escola pública e para que isso aconteça é preciso preparar um novo diretor, libertando-o de suas marcas de autoritarismo redefinindo seu perfil, desenvolvendo características de coordenador, colaborador e de educador, para que consigamos implementar um processo de planejamento participativo de representantes dos segmentos da comunidade interna (diretor, vice-diretor, especialistas, professores, alunos e funcionários) e externa (pais, órgãos/instituições, sociedade civil organizada).
Observa-se pelo que tenho notado, que o gestor ou diretor escolar assume uma nova centralidade organizacional, sendo o que deve prestar contas pelos resultados educacionais conseguidos, transformando-se no principal responsável pela efetiva concretização de metas e objetivos, quase sempre centrais e hierarquicamente definidos. Neste sentido, esta concepção de gestão introduz uma nova nuance na configuração das relações de poder e autoridade nos sistemas educativos.
Falar em gestão democrática nos remete, portanto, quase que imediatamente a pensar em autonomia e participação.
Quais são os instrumentos e práticas que organizam a vivência da gestão escolar? Em geral, esses processos mesclam democracia representativa - instrumentos e instâncias formais que pressupõem a eleição de representantes, com democracia participativa - estabelecimento de estratégias e fóruns de participação direta, articulados e dando fundamento a essas representações.
Vários autores, como Padilha (1998) e Dourado (2000), defendem a eleição de diretores de escola e a constituição de conselhos escolares como formas mais democráticas de gestão. Outro elemento indispensável é a descentralização financeira, na qual o governo, nas suas diferentes esferas, repassa para as unidades de ensino recursos públicos a serem gerenciados conforme as deliberações de cada comunidade escolar.
Em seu projeto político-pedagógico, construído através do planejamento participativo, desde os momentos de diagnóstico, passando pelo estabelecimento de diretrizes, objetivos e metas, execução e avaliação, a escola pode desenvolver projetos específicos de interesse da comunidade escolar, que devem ser sistematicamente avaliados e revitalizados.
A gestão democrática da escola significa, portanto, a conjunção entre instrumentos formais - eleição de direção, conselho escolar, descentralização financeira - e práticas efetivas de participação, que conferem a cada escola sua singularidade, articuladas em um sistema de ensino que igualmente promova a participação nas políticas educacionais mais amplas.
A PARTIR DA LEITURA DO TEXTO, DO CONTEÚDO DO VÍDEO E DAS DISCUSSÕES EM SALA DE AULA, COMO VOCÊ OBSERVA A QUESTÃO DA GESTÃO DEMOCRÁTICA NA SUA REALIDADE? GESTÃO DEMOCRÁTICA É UMA REALIDADE OU AINDA É UTOPIA?O QUE VOCÊ PENSA SOBRE A ELEIÇÃO DE DIRETORES?
Fontes:
http://www.portalensinando.com.br/ensinando/principal/conteudo.asp?id=2666
http://www.centrorefeducacional.com.br/gestdemaut.htm